Você já deitou à noite querendo descansar, mas sua cabeça não desliga? Ou tentou focar em algo importante, mas os pensamentos parecem uma tempestade desorganizada? Isso é muito mais comum do que parece. Esse “turbilhão mental” pode ser sinal de ansiedade e de um padrão chamado pensamento acelerado.
A boa notícia? Existem estratégias simples e eficazes para aliviar esses sintomas — e elas vêm de um dos maiores especialistas em ansiedade no mundo, o psicólogo Robert L. Leahy, autor do livro “Livre da Ansiedade”.
Por que minha mente vive no modo acelerado?
Segundo Leahy, nossa mente funciona como um “gerador de pensamentos” — ela cria ideias, preocupações e cenários o tempo todo. Isso não é algo que você controla totalmente, mas é algo que você pode aprender a gerenciar.
O pensamento acelerado costuma aparecer quando:
- Você tenta prever tudo o que pode dar errado;
- Se sente responsável por resolver tudo o tempo todo;
- Tem dificuldade em aceitar incertezas;
- Está sob muita pressão e sem tempo para descansar.
Isso tudo deixa sua mente em estado de alerta constante — o que pode levar ao cansaço mental, insônia, irritabilidade e sensação de estar “perdendo o controle”.
O que você pode fazer na prática
Aqui estão algumas estratégias simples do livro Livre da Ansiedade, adaptadas para o seu dia a dia:
1. Escreva suas preocupações (em vez de só pensar nelas)
Anotar o que está te incomodando ajuda a organizar seus pensamentos. Quando você escreve, percebe que muitas preocupações se repetem ou são exageradas.
👉 Dica prática: reserve 15 minutos do seu dia como um “momento de preocupação”. Escreva tudo que está na sua cabeça. Fora desse horário, diga a si mesma: “Isso pode esperar, tenho um horário para pensar nisso.”
2. Questione seus pensamentos ansiosos
Nem todo pensamento é verdadeiro. Muitas vezes, sua mente está exagerando o perigo.
Pergunte-se:
- Qual é a pior coisa que pode acontecer?
- E se isso acontecer, o que eu posso fazer?
- O que eu diria a uma amiga passando por isso?
👉 Isso ajuda a trazer perspectiva e racionalidade, sem reprimir emoções.
3. Pratique o “aceitar e deixar passar”
Tentar controlar todos os pensamentos pode piorar a ansiedade. Em vez disso, pratique a aceitação.
Imagine seus pensamentos como nuvens passando no céu. Você os vê, mas não precisa segui-los.
👉 Diga mentalmente: “Esse é só um pensamento, não um fato.”
4. Aprenda a conviver com a incerteza
Segundo Leahy, uma das maiores fontes de ansiedade é tentar ter 100% de certeza sobre tudo, o que raramente é possível.
Treine a tolerância à incerteza com pequenas atitudes, como:
- Não checar mensagens o tempo todo;
- Não buscar respostas imediatas para cada dúvida;
- Esperar antes de tomar decisões impulsivas.
👉 Isso vai ensinando seu cérebro que você pode lidar com o “não saber”.
5. Cuide do seu corpo para acalmar a mente
- Faça pausas verdadeiras durante o dia;
- Durma o suficiente;
- Respire fundo, com calma, por alguns minutos;
- Faça alguma atividade que te distraia (caminhar, ouvir música, desenhar).
👉 Seu corpo precisa entender que não está em perigo, para sua mente conseguir desacelerar.
Quando é hora de procurar ajuda?
Considere buscar apoio psicológico se:
- Os pensamentos estão atrapalhando seu sono, trabalho ou estudos;
- Você sente que perdeu o controle da mente ou do corpo;
- Surgem pensamentos muito negativos, catastróficos ou de desesperança.
Lembre-se: você não está só.
Sentir-se ansiosa ou com a mente acelerada não é sinal de fraqueza — é um pedido de ajuda do seu corpo e da sua mente. Com o apoio certo e pequenas mudanças diárias, é totalmente possível viver com mais leveza e clareza.
Referência: LEAHY, Robert L. Livre da ansiedade. Porto Alegre: Artmed, 2011.
Para aprofundar, você pode acessar o material complementar que preparei sobre ansiedade em colaboração com a Liga Acadêmica de Neurociências Psicossociais (LANP) e a Universidade do Estado da Bahia (UNEB): 📄 Guia Básico sobre Ansiedade.